terça-feira, 25 de outubro de 2011

Mestre Waldemar
Waldemar Rodrigues da Paixãomestre de capoeira baiano (Ilha de Maré, Bahia 1916 - Salvador, Bahia 1990) também conhecido como Waldemar da Liberdade ou Waldemar do Pero Vaz, dos nomes do bairro e da rua onde implantou sua capoeira.
 
A fama de Waldemar como capoeirista e mestre de capoeira aparece nos anos 1940. Ele implanta um barracão na invasão do Corta-Braço, futuro bairro da Liberdade, onde joga-se capoeira todos os domingos, também ensinando na Rampa do Mercado na Cidade Baixa. Fica conhecida a diversidade dos jogos que ele pratica, dos mais lentos aos mais combativos, com afirmada preferência para os primeiros.
Durante os anos 50, a capoeira dele na Liberdade atrai acadêmicos, artistas e jornalistas. Os etnólogos Anthony Leeds em 1950 e Simone Dreyfus em 1955 gravam o som dos berimbaus. O escultor Mário Cravo e o pintor Carybé, também capoeiristas, freqüentam o barracão. Mais tarde, a maior parte dos capoeiristas de nome afirmam ter ido na capoeira de Waldemar, na de Mestre Cobrinha Verde no bairro de Nordeste de Amaralina até na de Mestre Bimba.

De acordo com Albano Marinho de Oliveira (1956), o grupo da Liberdade começou a cantar demorados solos antes do jogo (hoje chamados ladainhas). O próprio Waldemar reivindicou, em depoimento a Kay Shaffer, ter inventado de pintar o berimbau. A fabricação e venda para os turistas de berimbau foi uma fonte de renda para mestre Waldemar.
Waldemar, como bom capoeirista, andou na sombra. Ficou discreto sobre suas atividades e breve em sua fala. Mal existem fotos dele antes de velho. Não procurou a fama e, apesar de seu notado talento de cantor e de tocador de berimbau, não integrou muito o mercado de espetáculo turístico.
Também, a música que se escuta nas gravações de 1950 e 1955 é coletiva, sempre tendo, ao menos, um dialogo de dois berimbaus. Assim, Jorge Amado menciona Mestre Traíra, também da Liberdade, como assíduo visitante de Waldemar.
Velho e impossibilitado de jogar capoeira e de tocar berimbau pela doença de Parkinson, Waldemar ainda aproveitou um pouco do movimento de resgate das tradições dos anos 1980, cantando em diversas ocasiões e gravando CD com Mestre Canjiquinha.


Herança de Mestre Bimba
    Mestre Bimba – Manoel dos Reis Machado – nasceu em Salvador em 23 de novembro de 1900, no bairro de Engenho Velho de Brotas, em Salvador, Bahia e recebeu o seu apelido devido a uma aposta feita entre a parteira e a sua mãe: a mãe dizia que seria uma menina e a parteira, convicta pelo seu conhecimento, dizia ser macho. Na hora do nascimento, surgiu a expressão: “GANHEI A APOSTA O CABRA TEM BIMBA E CACHO”! O apelido já nasceu com ele. Foi iniciado na capoeira aos doze anos de idade por um africano – Bentinho -, capitão da Cia. Baiana de Navegação, no que é hoje o bairro da Liberdade.
Mestre Bimba
    Sodré (1991, apud Campos 2001) refere-se ao Mestre dizendo: “foi uma das ultimas grandes figuras do que se poderia chamar de ciclo heróico dos negros da Bahia”. Segundo Capoeira (2006, p.50) Bimba era um lutador renomado e temido. Ganhou o apelido de “Três Pancadas” porque, segundo se dizia, era o Maximo que seus adversários agüentavam.
    Bimba ainda praticante de capoeira começou a ensinar em 1918, sendo seus alunos negros e mulatos das classes populares. Mas apesar da pouca idade (18 anos), possuía alunos também de classes privilegiada, como o Desembargador Décio dos Santos SEABRA, da família do ex-governador SEABRA ; Dr. Joaquim de Araújo Lima , jornalista (Imparcial e Nova Era) e mais tarde governador de Guaporé. Para estes e outros, as aulas eram particulares nos quintais e varandas de suas casas.
    Mestre Bimba era um dos capoeiristas mais conceituados de sua época, pois, era muito carismático, excelente lutador e temido por alguns, pois em inúmeros desafios e combates públicos, havia sido derrotado. Mesmo sendo um “cantador” e percussionista admirável, era discriminado por grande parte dos artistas e intelectuais de Salvador (por ter criado a Capoeira Regional), porém era muito venerado por seus alunos.
    Aos 29 anos de idade, o próprio Mestre Bimba contava: “Em 1928, eu criei, completa, a Regional, que é o batuque misturado com a Angola, com mais golpes, uma verdadeira luta, boa para o físico e para a mente”. Assim nasceu a Capoeira Regional Baiana.
    Na década de 1930, Getúlio Vargas tomou o poder e, procurando apoio popular para a sua política, que incluía a “retórica do corpo”, permitiu a prática (vigiada) da capoeira: somente em recintos fechados e com alvará da polícia. Mestre Bimba aproveitou a brecha e abriu à primeira “academia”, dando inicio a um novo período – o das academias – após o período de escravidão e de marginalidade (Capoeira 2006, p.51) Recebeu do inspetor técnico de Ensino Secundário profissional, o titulo de registro "que lhe requereu o Sr. Manoel dos Reis Machado, diretor do curso de Educação Física, sito à Rua Bananal, quatro.
    Bimba ao decorrer dos anos e de sua experiência foi moldando a capoeira de ataque e defesa usada por desordeiros e pessoas de classes mais humildes, numa luta com método de ensino próprio, tornando-a um verdadeiro curso de Educação Física e criando rituais como: Batizado, Formatura e Especialização, seguindo padrões sociais e acadêmicos, pela própria nomenclatura.
    Nos anos seguintes, Bimba teve grande sucesso. Em 1949, foi a São Paulo com seus alunos e realizou uma série de lutas com lutadores de outras modalidades. Em 1953, fez uma apresentação para Getúlio Vargas e recebeu o abraço do presidente, que afirmou que “a capoeira é o único esporte verdadeiramente nacional”.
    Antes de ir para Goiânia, Bimba formou sua última turma, uma formatura muito comentada chamada 'formatura do adeus', depois deste evento ele deixou a Bahia dizendo 'Não voltarei, mas aqui, nunca fui lembrado pelos poderes públicos; se não gozar nada em Goiânia, vou gozar do cemitério. ' Depois que ele se foi veio a Salvador apenas duas vezes e dizendo que estava tudo bem, mas dona Nair nos disse 'ele foi enganado. Não volta porque é orgulhoso'. Em 05 de fevereiro de 1974 um ano depois que deixou a Bahia, morria o mestre Bimba e foi enterrado em Goiânia. Transladar os restos mortais de Goiânia para Salvador foi difícil, os seus alunos achavam que o lugar dele era Bahia "ídolo não se pertence, pertence ao seu Público”
    Bimba obteve grande luta contra as autoridades, porém não uma luta de carne ou sangue, mas de dignidade e respeito à capoeira e aos capoeiristas, sendo assim nos deixou de herança:
  • A sobrevivência da Capoeira;
  • A liberdade da Capoeira;
  • A profissionalização da Capoeira;
  • A metodologia da Capoeira;
  • O respeito da sociedade pela a capoeira;
  • Além disso, Mestre Bimba também conseguiu que ficasse evidente, através de sua própria vida, o desrespeito e o descaso das autoridades pela nossa cultura.

Vicente Joaquim Ferreira- Seu Pastinha
(Salvador, 5 de Abril de 1889 — Salvador, 13 de  Novembro de 1981), foi um dos principais mestres de CAPOEIRA da história.
Mestre Pastinha descende de pai espanhol e mãe baiana, foi batizado em 1889 com o nome de Vicente Joaquim Ferreira Pastinha, na cidade de Salvador-Ba. Conta-se que o princípio de sua vida na roda de capoeiragem aconteceu quando tinha 8 anos , sendo seu mestre o africano Benedito, o que ao vê-lo apanhar de um garoto mais velho, resolveu ensinar-lhe as mandingas, negaças, golpes,guardas e malícias da Angola. O resultado veio logo aparecer , Pastinha nunca mais fora importunado por ninguém.
Mestre Pastinha serviu na Marinha de Guerra do Brasil, onde permaneceu por um período de 8 anos Mestre Pastinha de tudo fez um pouco,trabalhou como pedreiro, pintor, entregava jornais, tomou conta de casa de jogo; no entanto, o que mais gostava de fazer era ensinar "a grande arte". Pastinha conhecia a capoeira , sabia como era importante continuar aquela cultura, aconselhava que era preciso ter calma no jogo "quando mais calma melhor pró capoeirista", e que a capoeira "ela é o pai e mãe de todas as lutas do Brasil. Sabia muito bem os fundamentos e os segredos existentes na capoeiragem, cantava, tocava os instrumentos e ensinava como um verdadeiro mestre deve fazer. Pastinha foi nas rodas de capoeira um autêntico mestre, um bamba na luta.
Saindo da Marinha em 1910, inicia sua fase de prof. de capoeira ,seu primeiro aluno foi Raimundo Aberrê, este se tornou um exímio capoeirista, conhecido em toda Bahia. Segundo Mestre Pastinha , sua primeira academia ficava localizada no Largo do Cruzeiro do São Francisco, na rua do meio do terreiro. Pastinha dizia: "A capoeira tem muitas coisas. Primeira parte; a capoeira tem seu dicionário; segunda parte: tem seu dicionário; terceira parte : tem seu dicionário e quarta parte ; tem seu dicionário ". Ensinava que quando alguém fosse falar sobre a capoeira dissesse somente o que sabia, "não vá dizer que a capoeira é o que ela não é , nem vá contar o que não viu ninguém falar , então, não vá contar aquilo que não pode contar. Não é todo mundo que vá abrir a boca e dizer eu conheço a capoeira, a capoeira é isso. Nem todos mentais, nem todos sujeitos pode abrir a boca para cantar o que é capoeira não."
Mestre Pastinha era uma pessoa bem humorada, descontraída, bastante receptivo , rico em conhecimento, seu saber transcendia as rodas de capoeira. Era uma pessoa do mundo ideal, camarada amigo, pai e irmão dos discípulos. Viveu intensamente seus longos anos dedicados à capoeira de Angola, classificou-se na história da maladragem, da malícia, como ás. Manteve em sua academia de Angola, a originalidade da eficiência da luta em momento algum fora perdido na academia de Pastinha. Ele contribuiu categoricamente com o seu talento e dedicação à capoeira para que a sociedade baiana e brasileira percebessem a capoeiragem como uma luta-arte imbatível, guerreira, que está além dos paupérrimos preconceitos que há na sociedade.
Vicente Pastinha, foi filmado, fotografado, entrevistado, gravou disco e deixou um livro, a capoeira nunca mais poderá esquecer este ás, o guardião da capoeira d'Angola. Foi lá na casa 19, no largo do Pelourinho, que funcionava a sua academia, o Centro Esportivo de Capoeira Angola fundada em 1941. Milhares de pessoas estiveram na academia, ficavam impressionadas com as cantorias, com o som dos berimbaus, pandeiros e agogôs e principalmente, com os jogos que lá rolavam.
Por fim, foi feita uma reforma no sobrado, disseram ao mestre que ele não tinha com o que se preocupar, após terminadas as obras, ele voltaria para lá, seu lar, sua academia. Nunca mais se ouviu a voz de Pastinha dentro do sobrado, o povo não mais assistiu a uma maravilhosa roda de capoeira de Angola naquele velho sobrado.O Mestre Pastinha não voltou, morreu na escuridão de um quarto decadente no bairro Pelourinho em Salvador.
>> Os alunos de Mestre Pastinha usavam calça preta, camisa amarela e jogavam calçados. Era a homenagem que o Mestre fazia ao time de seu coração o Ipiranga que usava as mesmas cores.

>> Mestre Pastinha falava : "quando eu jogo até pensam que o velho está bêbado, porque eu fico mole e desengonçado, parecendo que vou cair. Mas, ninguém ainda me botou no chão , e ainda nem vai botar ".

>> Traços de Mestre Pastinha- "Mandinga de escravo em ânsia de liberdade" "Capoeira foi para homem, menino, velho e até mulher não aprende quem não quer" "Cada um é cada um" "O negócio é aproveitar os gestos livres e próprios de cada qual" "Berimbau é primitivo mestre da vibração e ginga ao corpo da gente" "Sou discíplo que aprende um mestre que da lição"

>> Mestre Curió explicando a Mandinga - "Existem muitas partes da mandinga, existem a mandinga da magia negra e a mandinga da malícia do capoerista, quando ele se diz realmente capoerista . Mandinga é isso, é sagacidade, é você poder bater no adversário e não bater , você mostra que não bateu porque não quis."

>> Mestre Pastinha explicando a Chamada - "A chamada é uma filosofia do angoleiro, é a malícia do angoleiro. Por que hoje a humanidade se preocupa muito em ficar forte, em fazer artes marciais, em ficar atleta para jogar capoeira. A capoeira não depende disso , a capoeira depende da técnica , malícia e sagacidade. Quando o camarada tá muito brabo dentro da roda, quer bater , quer pisar, eu chamo ele. Ele vai entender do jeito que souber pois a violência do angoleiro não está em dar rasteira, nem pontapé, nem murro. A malícia do angoleiro está realmente nas chamadas."
'Mandinga de escravo em ânsia de liberdade, seu princípio não tem método e seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista...

 (Mandinga de escravo em ânsia de liberdade, seu princípio não tem método e seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista...♪)
Mulher Na Roda Também Tem Dendê 



A capoeira sempre foi um importante instrumento de resistência e luta pela liberdade das pessoas negras, seguindo-se na defesa dos direitos de quem vive situações de opressão e de desigualdades. Embora seja uma prática tida como majoritariamente masculina, as mulheres também passaram a construir sua história. Já na década de 1940 mulheres conhecidas como Maria 12 Homens, Calça Rosa, Satanás, Nega Didi e Maria Pára o Bonde foram protagonistas desta história, bem como testemunhas das formas nem sempre veladas de minimizar a importância delas dentro da capoeira.

Como em outros setores da sociedade este cenário também vive transformações. Hoje a presença da mulher é um fenômeno crescente em número e expressão, existindo, inclusive, grupos formados e coordenados por mulheres. Apesar dessa mudança, a invisibilidade e outras violências simbólicas e concretas são questões que incitam mobilização e debate. 


(Vem jogar mais eu, mulher….vem jogar mais eu…que na roda de capoeira, o espaço também é seu...♪)

A MULHER NA CAPOEIRA




Desde a Antigüidade, na Grécia, eram poupadas as mulheres qualquer ligação com áreas relacionadas ao conhecimento e pensamento, já que os papéis materno e caseiro lhe eram designados. Analisando o contexto histórico da capoeira, é possível apontar a importância do sexo feminino no conteúdo cultural e na estruturação da capoeiragem. A partir daí a participação das mulheres foi tornando-se mais evidente e intensa, porém acoplada a um sentido estereotipado de masculinidade diante da marginalização daqueles que praticavam a capoeira. A marginalização seria uma das razões pela qual as mulheres continuam sendo alvo de atitudes preconceituosas e que questionam seu potencial e suas capacidades físicas.


Nestor Capoeira (1999) interpreta depoimentos de mulheres capoeiristas do Grupo Senzala em reunião. As mulheres capoeiristas presentes nesta reunião levantaram o problema da falta de documentação sobre a história da mulher na capoeira, a qual, certamente, contribuiria com pesquisas e estudo a respeito. Porém sabe-se que durante a época do Brasil Colonial, consta em sua história, mesmo que de forma pouco precisa, alguns registros de mulheres jogando capoeira. A República do Quilombo dos Palmares contava com mulheres guerreiras para sua resistência, e, a repercussão dessas mulheres se nivelou a dos homens escravos.



"(...) mulheres tão marginalizadas quanto os homens capoeiristas, assim como toda a cultura e o povo negro daquela época".(CAPOEIRA, 1999, p. 182).
Há fatores que implicam, desde o início, na participação de mulheres na capoeira. A desunião e competitividade entre mulheres são mais acentuadas, pois, provavelmente, lhe faltem maturidade e sensatez ao entender a significância da capoeira e o que ela representa como esporte e manifestação cultural.


"(...) uma mulher capoeirista deveria ser a primeira a incentivar outra capoeirista e isto nem sempre ocorria". (CAPOEIRA, 1999, p. 183).
Essa agressividade entre as mulheres que praticam capoeira provém da herança de gerações que apresentam esse tipo de relação, porém essa realidade vem mudando através da dedicação das mulheres. De acordo com Capoeira (1999, p. 186) "Várias idéias, antigas e estereotipadas, caíram por terra. A primeira é que capoeira é coisa ‘só de homem’. Outro mito que naufragou é que a capoeira masculiniza a mulher (...)".

São vários os motivos que levam mulheres a praticar a capoeira, desde a estética, saúde e bem-estar proporcionados até o rumo profissionalizante e educativo. É interessante observar o quanto a participação feminina na capoeira em escolas, clubes, academias e outros locais, tem se tornado mais evidente na quantidade, da qual destacam-se mulheres qualificadas tecnicamente e profissionalmente.




A princípio, compreende-se que o objetivo da persistência de algumas mulheres dentro da capoeira é se formarem profissionais e mestras, porém, devido ao fato de se próprio subestimarem, elas desacreditam que outras mulheres e, principalmente homens, treinariam sob sua liderança. Essa carência de apoio pode partir de seus mestres, do local de trabalho, dos relacionamentos profissionais e/ou até, das estratégias bloqueadoras da sociedade.


Recentemente, tem se promovido e divulgado muitos eventos e encontros femininos de capoeira, o que apresenta aparentemente uma posição de destaque no meio capoeirístico, mas que na verdade é um indício de preconceito e exclusão da mulher, de forma que ela se sobressai soladamente. Além disso, nos eventos exclusivamente femininos nota-se uma agressividade maior entre as mulheres. Para melhor entender, basta trocarmos os papéis: dificilmente, para não dizer nunca, foi divulgado um evento exclusivamente masculino, com o propósito de somente homens participarem.



No final do ano de 2002, fiz uma entrevista com uma profissional de capoeira, praticante há 15 anos aproximadamente, quando constatei diferenças entre os gêneros referente a postura e comportamento adotados pelo homem e pela mulher, num sentido generalizado. Foi colocada em questão a seriedade da mulher com a prática da capoeira em relação ao homem e através disso, foi possível afirmar que geralmente os homens se apresentam mais receptivos, interessados e, até, persistentes diante o aprendizado que a capoeira tem a oferecer.






Além disso, ao referir-se a promoção de eventos exclusivamente femininos a nossa entrevistada citou desvantagens que os encontros femininos as mulheres proporcionam, pois nestes momentos as mulheres demonstram muitas divergências dentro da roda de capoeira, pois tornam-se agressivas entre si ao sentirem a necessidade de provar o seu potencial, e aceitam com dificuldades levar algumas desvantagens durante um jogo dentro.
Outro fato tão importante quanto os demais em relação ao desempenho da mulher na capoeira é a interrupção dos treinamentos, pois podem diminuir a performance da mulher para a atividade de capoeira. A gravidez pode ser um fator forte neste aspecto, pois pode haver implicações na performance e se a mulher não tiver determinação e gosto pela capoeira ela não irá se profissionalizar nesta área e, nem mesmo, dará continuidade aos seus treinamentos.



Mesmo sendo relativamente menor o número de profissionais do sexo feminino na atividade de capoeira a mulher tem ocupado seu espaço e dado a sua parcela de contribuição para a sociedade e, em especial, para o aprendizado da capoeira.
Abaixo está representada a proporção de homens e mulheres profissionais em Capoeira no estado do Paraná, de acordo com a Federação Paranaense de Capoeira.




Na representação ao lado é evidente a diferença dos índices entre homens e mulheres profissionais da Capoeira e vale ressaltar que, neste Estado, dentre as mulheres não há mestras, mas há mestres entre os homens. O que vale é a proporção já mostrada, mas é evidente que deve ser levado em consideração que a minoria dos profissionais em capoeira são federados. Talvez isso ocorra porque esta questão envolve divergências quanto às propostas da Federação; rivalidades entre mestres e grupos, questões financeiras e a organização de grupos distintos de Capoeira, onde cada um segue uma filosofia diferenciada embasada em suas tradições. 
Para Couto (1999), infelizmente a liberdade de ascensão do sexo feminino é inibida por questões preconceituosas, apesar das mulheres serem capazes de apresentarem um alto nível de desenvolvimento dentro da capoeira sem se igualarem ao sexo masculino...